Ao chegarmos no ateliê de Bete Paes, localizado em um casarão compartilhado no bairro das Graças, em Recife, fomos recebidos por um ambiente repleto de histórias e obras que refletem a trajetória singular da artista. As estampas penduradas, os diversos carimbos e o livro Estampa Brasileira, que retrata grande parte de sua carreira, falam por si mesmas, oferecendo um vislumbre da profundidade e riqueza de seu trabalho.

No entanto, nossa conversa logo se desviou para um caminho mais pessoal, explorando sua trajetória de vida, marcada por experiências, territórios, amores, filhos, parceiros profissionais, separações e, principalmente, os desafios e conquistas de ser uma mulher artista, arquiteta, inquieta e extremamente inteligente. Bete compartilhou sobre os vínculos que construiu ao longo de sua vida, aqueles que se fortalecem e também os que precisam ser rompidos para que ela possa crescer e evoluir.

Mãe e amiga da também artista Joana Lira, é impossível não perceber a influência e a continuidade do trabalho de Bete em sua filha. A semelhança dos traços e a conexão entre suas vozes artísticas são evidentes. Contudo, o que se destaca é que, de fato, as mulheres que vêm antes abrem caminhos para que as que as seguem possam alçar voos ainda mais altos.

Por Lu Azevedo