Ivonete, 65 anos

Ivonete

Dona Ivonete é apaixonada por coloridos, como ela mesma conta. Aprendeu tapeçaria nas ruas de Camaragibe, quando retornou depois de ter passado um tempo em São Paulo. Lá em SP, casou e teve filhos. Em Pernambuco, criou raízes e, desde 1983, faz parte da Associação Tapeçaria Timbi.

Ivonete tem uma fala rápida e mansa ao mesmo tempo. Passou por algumas situações que a levaram a ver o trabalho com a tapeçaria como uma ferramenta de ajuda para entender suas dores, assim como para ajudar outras mulheres que porventura estejam precisando. Nossa conversa aconteceu na sede da Associação, em meio a tapetes e peças produzidas por mulheres artesãs que encontram, ali, tanto um refúgio para suas dores quanto um sustento de vida.

(conversa realizada em junho de 2022)

Narrativa

Arcoverde

Eu sou da cidade de Arcoverde, né? Filha de pessoas que já trabalhava com artesanato, que minha mãe e minha vó já fazia renascença, minha vó trabalhava já com barro, argila, que ela fazia essas peças já, pra sobreviver na época e eu pequenininha via isso, né? E eu sempre admirei muito artesanato porque eu já venho… já tá no sangue esse negócio de artesanato, bordar a mão. Em Arcoverde bordava na mão, fazia datilografia, na época era datilografia, né? O crochê, o tricô, isso aí eu já aprendi com a minha mãe, além da panela de barro que ela fazia.

minha infância foi pra brincar mesmo

A infância que a gente teve naquela época… Minha mãe teve que trabalhar que eu não tenho pai, minha mãe teve que trabalhar pra manter a gente, mas eu fui uma criança assim com liberdade, sabe? Não fui aquela criança que tinha que trabalhar. Depois minha mãe casou, eu ficava com padastro também, minha infância não foi trabalho, exploração que a turma diz, apesar que fui criada com padrasto, mas ele era atacadista em feira, vendia em grosso assim, mercadoria como inhame, batata doce e essas coisas e ele tinha uma roça mas ele pagava trabalhador. Eu mesma só ia pra roça pra comer, melancia essas coisas que a roça dava. Eu fui pra São Paulo com dezesseis anos de idade por opção, por uma irmã lá que tava em São Paulo, eu fui pra lá pra trabalhar mesmo, sair da cidade pequena pra cidade grande, mas minha infância foi pra brincar mesmo. Como pobre sim, brincava com tudo que tinha direito, bola de gude, pipa, o que tinha vontade de brincar. Eu graças a Deus não fui uma dessas que teve que trabalhar pra ajudar os pais e ser escorada no trabalho, apesar do tempo.

apaixonada por coloridos

Naquela época [em que foi pra São Paulo] podia trabalhar com carteira registrada direitinho, na época, hoje que não pode, né? Hoje é menor aprendiz, mudou. Mas trabalhei em São Paulo, numa malharia pra você ver como eu gosto de cor, numa empresa espanhola que trabalhava fazendo malha de frio e calor, com dezesseis anos. Já com tecido, com colorido, apaixonada por coloridos eu sou, e foi isso, trabalhei muito tempo nessa empresa até sair de lá. Não fui essa pessoa que ficava pulando de empresa em empresa, eu gostava do que eu fazia.

Apesar que ele [o marido] é do Nordeste também a gente se encontrou, né? Dizem que as pedras se encontram, então nos encontramos. Tivemos três filhos [ em São Paulo] e mais uma aqui [em Camaragibe], quatro filhos homens. Cada um mora em suas casas [atualmente].

Eu estudei em Arcoverde, no Ginásio Industrial de Arcoverde, lá já tinha essa parte de artesanato, né? A gente naquele tempo tinha esse colégio já atuava com artesanato. Bordado a mão eu aprendi. Lá tinha um bocado de curso, marcenaria… Eu estudei até os dezesseis anos que viajei pra São Paulo aí pedi o desligamento né? Aí depois voltei pra cá, depois desse tempo todinho. Meu esposo também faleceu, aí esse filho mais velho também faleceu, aí parece como prêmio que Deus me deu eu viajei muito muito muito, por causa da tapeçaria.

São Paulo - Camaragibe

Com dezesseis anos fui pra São Paulo, tive três filhos lá, aí meu esposo resolveu vim embora pra cá, pra Camaragibe, eu não conhecia Camaragibe, e aqui a gente ficou radicalizado já por mais de trinta anos, vendo as vizinhas fazer tapete, quando Camaragibe era o foco dos tapetes.

me interessei em aprender fazer tapeçaria

Quando eu cheguei aqui [em Camaragibe] foi em oitenta e três [1983], aí via aquelas mulheres nas calçadas fazendo tapeçarias, e como eu sou muito apaixonada por colorido aí me interessei em aprender fazer tapeçaria. Gosto tanto que tô até hoje, de oitenta e três pra cá é o tempo que eu estou aqui, na Associação [Associação Tapeçaria Timbi], pronto, aqui eu aprendi, aqui me apaixonei pelo trabalho, o trabalho coletivo, que eu acho o trabalho coletivo muito importante, né? Porque o trabalho flui, né? O trabalho flui quando se junta pra fazer uma peça, uma peça grande a gente une pra entregar mais rápido essa peça.

passei por vários cargos na diretoria

E já passei por vários cargos na diretoria [da Associação Tapeçaria Timbi] , hoje eu represento a Tapeçaria [Associação Tapeçaria Timbi], mas já passei por várias vezes… eu não podia ficar no cargo todo o tempo, porque o Estatuto da Tapeçaria aqui é até dois anos, então de dois em dois anos ta sendo mudada a diretoria. E eu aprendi muito, né? a participar do SEBRAE, a participar dessas feiras, viajei o Brasil inteiro com a tapeçaria e já fui até Nova York, né? apresentar esse trabalho, aprendi muito, aprendi muito como aprender trabalho em coletivo, que não é fácil, cada um com uma opinião diferente, né? E taí a tapeçaria hoje, é bem vista lá fora, já bem divulgada lá fora e tamos aqui.

Eles [os filhos] nunca gostaram [da tapeçaria], eu acho que eles nem sabe o que eu faço, sabem que é tapete, mas não sabe a minha atuação dentro da tapeçaria, porque nem se interessam. tenho três netos, duas netinhas e um neto.

Quando eu cheguei aqui na Tapeçaria [ na Associação] já tinha dois anos de fundação, aprendi tudinho aqui. Aprendi de cabo a rabo, faço tudo. Do começo até o final.

A minha rotina

[Atualmente] moro só. A minha rotina, eu venho pra cá [Associação] cinco dias da semana só quando tem alguma coisa minha pra resolver [que não vem], aí é só vim pra cá, somente. Agradecer a Deus quando acordar, né? Contemplar o mundo com os olhos físicos que a gente tá na carne, e pra vim pra cá.

eu também adoro fazer crochê

Horário de chegar aqui é nove horas, mas muitas vezes eu chego de dez. Mas não tem horário de sair, inclusive que a gente tá doando um jantar pras pessoas da comunidade que não tem condições, traz suas vasilha e pega. Aí saio daqui de sete horas [da noite].
Daqui eu vou pra uma aula de informática, passo uma hora nisso, janto na rua, porque é muito ruim jantar sozinha, depois vou pra casa, vejo televisão, ou então faço crochê, que eu também adoro fazer crochê. Faço pra vender e faço pra minha casa. Almofada, paninho de mesa, mas meu tempo é muito curto, e pra fazer pano precisa de tempo né, entendeu?

passava a noite treinando pra aprender

Tenho cadastro lá [ no SICAB] há muito tempo. A Tapeçaria foi mais difícil de aprender, porque as pessoas que eu conhecia na época, não tinha aquela boa vontade de ensinar e não tinha curso pra se fazer, né? aí a vizinha de frente da casa que eu fui morar, fazia. Aí eu comecei a sentar com a vizinha pra aprender e fui aprendendo, mas passava noite pra tentar aprender, acertar, e uma que eu peguei um tapete de seis metros pra aprender, sem saber direito, passava a noite treinando pra aprender, foi muito difícil, né? assim, mas hoje a gente já dá aula pras pessoas que quer, entendeu? Porque é muito difícil quando você quer aprender uma coisa e não ter quem ensine, né?
E hoje a internet já ensina, a internet veio pra ajudar muito as pessoas.

Demorei acho que uns cinco meses pra fazer o tapete. Mas depois que eu peguei prática, minha filha, ninguém segurava. Mas foi um trabalho que me identifiquei muito, gosto muito de fazer.

Primeiramente a gente pega a tela lisa e tinha que desenhar, horrível, viu? Eu com a agulha, não sabia como é que botava agulha, mas foi muito assim difícil, não tinha quem ensinasse e as pessoas não queriam parar pra ensinar. Que muitas pessoas que eu cheguei aqui e fazia tapete era completamente familiar, né? pra ajudar, as mães que não podiam sair de casa, que tinha que ficar olhando os filhos, levar os filhos no colégio, então vê que as pessoas verem a tapeçaria como complemento de renda, essas mulheres que não podiam sair de casa por causa dos filhos

No começo com a tapeçaria as pessoas compravam muito aparelho doméstico pra dentro de casa, hoje já não dá mais, porque não tem mais aquelas vendas, né? e, principalmente depois que o coronavírus chegou estacionou.

Queda [de venda] até hoje, tem produto, mas cadê a venda. Alimentação, o Governo que tá aí [Jair Bolsonaro] a alimentação ficou muito cara. Aquelas compras que enchiam o carrinho… hoje a turma compra aquela pra passar a semana. O coronavírus deu uma queda, muitas empresas fecharam, e também com o imposto que no Brasil paga, por isso fecha as empresas daqui.

Como a Tapeçaria surgiu?

A primeira tapeçaria que foi surgida aqui [ em Camaragibe] foi a Tapeçaria Casa Caiada, né? Casa Caiada tinha uma chefe que pegava aqueles tapetes e já passavam pros outros fazer, eu fui uma dessas, que uma pessoa que hoje é daqui [Tapeçaria Timbi] que pegava na Casa Caiada, eu peguei nelas tapete, pra ir fazendo. E aí, aquelas mulheres de Camaragibe não tinham aquele comércio, que hoje tem esses envolvimentos no comércio, então, tapete a mulherada ocupava mais a mente pra fazer tapete.

Como a Tapeçaria surgiu? A Tapeçaria [Timbi] surgiu com uma pessoa [Vera Galvão] que se juntou às mulheres pra falar da saúde da mulher, certo? Inclusive, começaram a se encontrar debaixo de um pé de manga, essa mulherada, uma líder pra falar da saúde da mulher, aí foi a Casa da Mulher do Nordeste que Vera Galvão sabia que dava apoio a mulheres aí foi lá buscar piloto [lápis], papel, tudo pra falar sobre a saúde da mulher, aí vai a saúde da mulher… e depois viram qie dava pra ter seu próprio negócio, aí que tal uma tapeçaria? Aí a Casa da Mulher do Nordeste, fez um projeto, a Open Mundi, nos Estados Unidos, pra fundar a Tapeçaria Timbi, enquanto fizeram esse projeto, enquanto esse projeto não era aprovado, elas começaram a fazer macarrão, pão, cada semana era na casa de uma delas, né? Até dois anos pra esse projeto ser aprovado, aí, quando o projeto foi aprovado, aí vamos estudar o projeto como começar.. Aí foi quando compraram essa casa, primeiramente compraram essa casa com esse dinheiro, que era muito dinheiro na época, viu? Compraram essa casa, foi em 1986, mas em 1983 que começou a história, viu? do macarrão… pra chegar…

Fizeram um estoque, um estoque lá de dentro com todo tipo de lã colorido, tela, tudo que precisava, tecidos também que tecido também faz parte, pra aquele forro do tapete, aí fizeram, aí depois capacitaram essas mulheres. Na época, com datilografia, motorista, qualidade, estoque, aí qualificaram essas mulheres pra tomar conta da Tapeçaria. Depois disso tudo, teve uma produção, chamaram uma pessoa do design pra criar os desenhos e os desenhos foram criado com a natureza, as folhas da fruta pão, o caju, aí começou a estudar só a natureza, a tapeçaria começou com isso, as frutas típicas do Nordeste. Aí, depois chamaram a pessoa do design para que criassem novos desenhos, aí foi passando por essa etapa aí. Muita qualificação, muitos cursos de gerenciamento, pra saber gerenciar seu próprio negócio. Aí depois, é… vai andando, caminhando, depois da estamparia, aí vamos renovar os desenhos, junto com o SEBRAE, o Centro Pernambucano de Design que trabalha junto, aí criado a primeira cena Cordel em tapeçaria. Fizeram um bem bolado, umas xilogravuras, aí fizeram a história em cordel, junto com o SEBRAE, depois você pode ler [falou para Clarissa Machado].

É uma Associação. A Tapeçaria [Timbi] quando ela foi fundada [1986] já foi com um grupo de gente muito grande, né? que depois foi saindo, saindo, que tinha esse pessoal que tinha a cabeça que aqui, precisava de copeira, de uma faxineira, aí muitas saíram porque nem todo mundo gosta de fazer tapete. Queriam assim, trabalhar, ter o seu trabalho, e aqui ninguém pode receber salário, e aqui na Associação não tem salário, tem uma ajuda de custo, vocÊ faz seu produto, a Associação paga pra esse artesão e a tapeçaria vai escoar lá fora, tentar vender o produto, assim que trabalha aqui. Aqui ninguém tem produto de ninguém, porque o capital de giro que fica para a Tapeçaria, porque o produto é caro, a matéria prima é cara, tem um contador, uma séria de negócios, luz, água, tudo tem que pagar, aí então dentro de uma peça dessa, o artesão traz seu produto e a Tapeçaria paga 30% pro artesão em cima do valor do tapete e o restante fica de capital de giro.

hoje nós somos dezoito mulheres

Hoje tem pouca [mulher na Tapeçaria Timbi], hoje nós somos dezoito mulheres, mas muito cansadas, calejadas, fundadoras, vem borda, ainda tudo mas doentes, as pessoas jovens não se interessam por esse trabalho, a preocupação da gente é isso. Porque não tem quem dê continuidade porque os jovens não se interessam.

No início tinham sessenta [mulheres]. E sempre uma é mais sobrecarregada pra não fechar porque depende das mais velhas do que eu, não tem mais essa vitalidade de botar pra frente porque já tá cansado né? Já trabalhou muito, mas gosta do que faz. Vem duas ou três vezes na semana, passa o dia, fica aqui, antes do horário, quem fica mais sou eu. Tem suas dificuldades. Aí eles vem aqui, levam pra casa… faz vem pra cá, passa o dia, aqui tem fogão, faz sua comida, esquenta sua comida, que aqui tem fogão, geladeira.

Às quintas damos aula de tapeçaria gratuita

Às quintas damos aula de tapeçaria gratuita, tem um público, agora mesmo a gente encerrou porque FENNEART toma todo nosso tempo, que a gente faz nossa própria embalagem, entendeu… Tá parado, volta em agosto.

É por isso que a gente faz [as aulas de tapeçaria de graça, pra tentar chamar os jovens], pra ver se vai caindo uma semente, se interessa. Mas tem três, quatro pessoas que vêm aqui mas é por ordem médica, que manda e acaba ficando, também pela idade, né? É pra toda área, quem tiver condições de vim de carro que queira vim… pode.

Principalmente fora daqui [ há um reconhecimento pelo trabalho]. Acho que o interesse é mais fora daqui, do que o povo daqui.

Estados Unidos

Nos Estados Unidos foi o seguinte, apareceu um edital aí né? Esse edital é sobre forças e superações, que a pessoa pra prosperar, pra ir, um esforço, levantar, fazer, essa história foi conduzida. Essa minha colega Vera Galvão que fez essa entrevista, e passou o dia todinho pra faze isso, né? contando minha história de criança até agora, entendeu? E, pra mim foi surpresa porque foi no Estado de Pernambuco, tinham muitas cidades e eu fui sorteada pra isso, né? Fui sorteada e fui, com muito medo mas fui, né? Muito medo porque o avião, muita turbulência daqui pra lá, foi paga todo pelo SEBRAE, o SEBRAE pagou todas estadia, viagem tudinho, e eu passei lá oito dias e fiz um tour dentro de nova York, nas partes principais. Foi um processo tão grande vieram aqui de São Paulo pra fotografar, um processo muito grande e partiu de Minas Gerais esse Edital.

Pra mim assim, eu já tinha viajado de avião, mas foi um voo muito longo, eu tive receio. Foi em 2013. Mas foi bom lá a apresentação na sede da ONU, né? Lá onde fica os chefes de Estado. Falei sobre empreendimento e depois na sede da ONU mesmo houve uma exposição das peças que foi levada, fotografada, foi muito bom teve um público muito bom, certo? O público até brasileiro que tava lá. Mas foi muito bom, né?

Virou um documentário, essa história toda é um documentário, recebemos um certificado lá de Nova York, e é isso.

Pra mim é muito gratificante

Pra mim é muito gratificante porque eu faço o que eu gosto, ganhar dinheiro eu não ganho não, não ganho é um trabalho mais por amor mesmo, certo? Porque as vendas por aqui é muito poucas. Depois do Coronavírus caiu muito e essa Feira da FENNEART a gente tá desde o primeiro ano, agora a que a gente vai pra alameda dos mestres a gente não paga nada, né? Já é reconhecido pelo Governo do Estado, não paga stand, hotel, alimentação não paga, mas se fosse pra pagar o custo seria muito alto. Então… onde a gente melhor é na FENNEART, não sei esse ano, né? depois dessa coronavírus aí… dezembro já foi um fracasso. E tem outras ondas vindo né? castigando…

Hoje a gente tá fazendo mais tapete sob encomenda, porque se não fica tudo no estoque. Primeiramente corta a tela, se ele [o cliente] pede amostra assim, se ele quer floral, se ele quer casario, se ele quer cordel, se ele quer J. Borges, que tem a linha J. Borges que tá sendo a mais vendida fora do país, são dez cenas, dez painéis.

E o meu desejo é que isso nunca pare

A tapeçaria eu acho que ela cresceu muito, quando eu cheguei aqui, né? quando viajei muito, Curitiba, São Paulo, Minas Gerais, esse mundo todo aí, né? Ficou uma história ela é conhecida e o que eu queria é que ela ficasse conhecida, não eu, como Tapeçaria sim. E o meu desejo é que isso nunca pare, que isso aqui possa vir alguém que possa assumir isso aqui, porque isso aqui é uma coisa boa, a pessoa que ta precisando de uma terapia, trabalho em grupo, é muito bom um ouvi o outro.

Eu acho que ser mulher não é fácil não

Mulher pra mim é ser muita responsabilidade, entendeu? porque assim, quando a gente tem os filhos, a gente casa os filhos em casa, a mulher fica super carregada pra mulher assim, essa parte de educar filhos, juntar o trabalho, eu acho que ser mulher não é fácil não. Porque a mulher hoje faz várias funções, né? Eu vejo mulheres aí que eu não sei como é que dá conta, faz várias funções pra saber dividir aquilo. Eu acho que ser mulher não é fácil não, é difícil viu. Geralmente muitas mulheres joga os filhos pra outras pessoas, conquistam o mercado que é bom, e acaba perdendo até a infância dos filhos, porque não tem tempo. Aí, quando você pensa, fechar os olhos o tempo passou…e não tem como voltar mais.

O trabalho é os pés

O trabalho é os pés, no caso mesmo quando meu filho morreu e meu marido morreu, o trabalho foi tudo, pra preencher e viajar, o trabalho daqui. O trabalho preenche muito, não é nem no dinheiro é paz. Porque se você for uma pessoa que ficar num cantinho, não tiver essa força de levantar você vai acabar só nas farmácias tomando remédio. Isso aqui é o remédio. Isso aqui cura depressão. Porque várias pessoas chegou aqui parecendo um robô e acabou ficando bom, deixava os remédios, então eu acho que o trabalho é ótimo na vida do ser humano. Quem não trabalha não sonha, minha gente e a gente tem que sonhar enquanto tem vida, né isso?

o importante é gostar do que você faz que você não cansa

Gosto do que faço, o importante é gostar do que você faz que você não cansa. Quando você gosta você faz é muito bom, é gratificante, é prazeroso.

Vai acontecer esse ano [2022 – ser considerada mestra pela FENNEART]. Não [ tô ansiosa] porque a gente tem consciência do que faz, o nome mestra é bom mas não muda nada, entendeu? Agora eu vejo que muita gente fica feliz de ser mestre, eu também tô feliz por ser mestre, mas sabe? é uma coisa que você vive o dia a dia, né? Você é mestra no que faz, é doutor no que faz, entendeu? é só um nominho a mais: Mestra.