147.771 habitantes (população estimada 2022, IBGE)
55,08 Km²
Região Metropolitana – Núcleo Centro
Localizada entre Recife, São Lourenço da Mata, Paulista e Paudalho
16 Km do Recife
Camaragibe, cidade localizada na região metropolitana de Recife, é uma cidade cuja história remonta à colonização lusitana em Pernambuco. O nome do município é de origem tupi, vindo da palavra “camarã-gybe”, que significa “rio dos camarões”, uma referência às águas da região, em que havia abundância de camarões. O território de Camaragibe, assim como a vasta maioria do Brasil, era habitado por povos indígenas, que foram exterminados pelas forças coloniais portuguesas, responsáveis por modificar a paisagem e a organização social da localidade.
No século XVII, Camaragibe integrou o chamado ciclo do açúcar, como um local de engenhos cuja produção era voltada para suprir os projetos econômicos da coroa portuguesa. A presença desses engenhos, portanto, moldou a sociabilidade de Camaragibe, até a decadência desse ciclo econômico, que inevitavelmente também deixou suas marcas na cidade. A partir de então, a cidade passou a ter um desenvolvimento mais modesto, centrado na agricultura de subsistência e na produção rural.
O processo de urbanização de Camaragibe começou efetivamente nos anos 1970, devido em grande parte à expansão da malha urbana da vizinha Recife e ao crescimento populacional desordenado com o qual a metrópole conviveu. Assim, em 1982 Camaragibe foi elevada à categoria de município, desmembrando-se de São Lourenço da Mata e tornando-se oficialmente uma cidade independente. Esse é, de fato, o ponto de partida do desenvolvimento urbano da cidade.
A cidade é composta tanto por uma área urbana quanto rural, tendo como principais bairros Tabatinga, Timbi, Vera Cruz e o Centro de Camaragibe. A cidade tem grandes áreas de Mata Atlântica ainda preservadas, por exemplo a Mata de São João e o Parque Aldeia dos Camarás. Porém, grandes projetos imobiliários têm sido aventados para o município, empreendimentos que ameaçam a integridade da fauna e da flora da região.
Quando ainda distrito de São Lourenço da Mata, Camaragibe sediou a Companhia Industrial de Pernambuco, um complexo de fábrica têxtil, fato que mudou não somente a ocupação de seu território, mas marcou a história da emancipação de Camaragibe. Ainda no século XIX, houve a implantação de uma fábrica de olaria, que foi instalada para confeccionar os tijolos que viriam a ser utilizados na estrutura da fábrica.
Da fábrica têxtil, surgiu a necessidade da construção de uma vila operária. O bairro Vila da Fábrica surgiu a partir desta instalação. Durante o início do século XX, com a expansão da indústria no estado, a construção de fábricas e o crescimento das áreas industriais levaram à criação de núcleos habitacionais para acomodar os trabalhadores dessas indústrias. A Vila da Fábrica foi, portanto, uma localidade fundada principalmente para atender às necessidades habitacionais dos funcionários da fábrica, que se instalaram nas proximidades para facilitar o acesso ao trabalho. Com o tempo, a área foi se desenvolvendo, ganhando infraestrutura e se transformando em um bairro, mantendo até hoje sua conexão histórica com a indústria têxtil local. A evolução da Vila da Fábrica é reflexo do crescimento urbano e industrial de Camaragibe, que passou a abrigar mais moradores, comércios e serviços.
A Tapetes Casa Caiada, fundada em 1966 por Maria Digna e Edith Pessoa de Queiroz, é sediada na Vila da Fábrica. Muitas de suas artesãs moram no bairro, em bairros circunvizinhos (e em outras cidades, como Lagoa do Carro). São gerações de mulheres que tiveram a vida de suas famílias interligadas com a construção da Companhia Industrial de Pernambuco e foram morar nessas vilas.
A confecção manual dos tapetes bordados se entrelaça com a história do território e das mulheres. Estivemos na Tapetes Casa Caiada e conversamos com Mocinha (Maria da Luz) e Maria Helena, bordadeiras que têm sua história familiar ligada à Vila da Fábrica. Como nos disse Maria Helena:
“O papai trabalhou aí [na Fábrica de Tecido de Camaragibe], se aposentou aí. Ele era mestre da fiação. Trabalhou aí a vida toda. O povo que trabalhava na fábrica que morava aqui na Vila. Depois foi aparecendo mais gente, foi habitando. As casas eram quase todas iguais, aí muita gente foi ajeitando, remodelando e… Camaragibe tá aí.”
Fomos recepcionadas por Patrícia, filha de Maria Digna, que hoje administra, junto à sua família, a Tapetes Casa Caiada.
Conversamos em Timbi, bairro vizinho, com Dona Ivonete, presidenta da Associação Tapeçaria Timbi, fundada em 1983. Dona Ivonete nos contou sua relação pessoal com a tapeçaria e também sobre a história da fundação da Associação.