Olinda

Olinda

349.976 habitantes (população estimada 2022, IBGE)
41,3 Km²
Região Metropolitana – Núcleo Centro
Localizada entre Recife e Paulista
6 Km do Recife

Olinda é uma cidade amplamente conhecida pelo seu Carnaval de rua e por ter sido declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1982. O Sítio Histórico tem origem colonial, porém o território que hoje abriga a cidade era originalmente terra indígena dos povos Caetés. Essa invasão portuguesa foi marcada por uma grande resistência à chegada dos colonizadores durante esse processo de expropriação de suas terras e de seus modos de vida.

Olinda é uma das cidades mais antigas do Brasil, com sua fundação datada em 1535, por Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco. A cidade rapidamente tornou-se um importante centro econômico e administrativo durante o período colonial. Logo no início da invasão europeia, tornou-se um importante centro comercial do principal produto de exportação da época, o açúcar. Por sua característica geográfica litorânea, ocupou posição privilegiada na administração da ocupação colonial portuguesa. No século XVII, Olinda foi um dos principais palcos da invasão holandesa, iniciada em 1630. Os invasores a incendiaram e saquearam, em uma ação que alterou definitivamente o centro de poder da região, que passou para a vizinha Recife.

Pelo menos desde o século passado, Olinda é conhecida pelas suas tradições culturais, em grande parte ligadas ao Carnaval, um dos mais famosos e originais do país, por sua característica espontânea e popular. A cidade se transforma, as agremiações, blocos, troças se espalham por diversos bairros da cidade e se concentra nas ladeiras do seu Sítio Histórico. Nesse período, são milhares de pessoas que seguem blocos pelas ruas e ladeiras da cidade ao som de orquestras de frevo, do maracatu, do afoxé, dentre outras manifestações culturais. Um dos símbolos mais icônicos da festa são os Bonecos Gigantes, que desfilam com seus trajes coloridos, representando figuras folclóricas e celebridades nacionais e internacionais.

O frevo é uma das manifestações mais marcantes da cultura carnavalesca. De origem afro-brasileira, é um elemento cultural que se estende de Olinda a Recife, sendo um estilo de dança típico de Pernambuco que foi reconhecido como Patrimônio Imaterial brasileiro. Os dançarinos de frevo compõem uma parte essencial dos blocos, que, por sua vez, representam várias comunidades do Sítio Histórico de Olinda e de seu entorno. Um acessório característico do frevo são as sombrinhas coloridas, que os dançarinos empunham enquanto fazem acrobacias pelas ruas. A combinação do frevo com o colorido da cidade cria um espetáculo festivo que é indissociável da imagem de Olinda.

Olinda hoje se divide em 40 bairros, sendo um dos mais populosos o bairro de Rio Doce, que com sua geografia abarca uma parte da orla e adentra no tecido da cidade dividindo-se em etapas. Em Rio Doce, conversamos com Dona Albanita, que nasceu numa família que já tinha uma intimidade com a confecção de estandartes de carnaval, um importante ícone e norte estético da festa de Momo. Albanita dedicou boa parte de sua vida a bordar à mão os estandartes. Conversamos com ela, José Henrique, seu neto, e Ivan, companheiro do seu neto, que hoje são responsáveis pelo legado e pelos cuidados com  Dona Albanita.

AMPO – Associação de Mulheres Produtoras de Olinda

Próximo à Igreja de Rio Doce, nos contaram um pouco de suas histórias de vida, que se emaranham com a confecção manual de estandartes. Ainda em Olinda, também conversamos com Dona Lourdes, fundadora da AMPO – Associação de Mulheres Produtoras de Olinda, ocasião em que pudemos entender um pouco sobre o trabalho coletivo e de organização social que desempenha na sede/loja que funciona no Bairro do Carmo, localizada no Sítio Histórico de Olinda. A AMPO confecciona várias tipologias têxteis, como o fuxico, crochê, bordado, entre outros, e também tem, em seu trabalhos, outros materiais e tipologias artesanais.

Conversamos com Gabriela, em sua casa/ateliê, também em Olinda. Gabi é uma bordadeira que investiga sua arte e o poder de transformação e cura que as linhas lhe trouxeram. Hoje a artista expande o que aprendeu ministrando oficinas e na preparação de um curso online. Ainda no Sítio, e no mesmo bairro de Gabi, o Varadouro, conversamos com Laís Domingues, justamente quando acontecia sua exposição intitulada “Para si: um processo de ser”, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa. A exposição é fruto de uma residência artística vivenciada por Laís e pela estilista paulista Thanina Godinho, na Associação das Mulheres Artesãs de Passira (AMAP), e é uma das ações de culminância do projeto “Bordando o Feminino”. Laís foi a fotógrafa e videoarte da primeira edição do projeto Mulheres que Tecem Pernambuco. Nesse dia em que estivemos juntas, ela nos contou sua relação poética e afetiva com as linhas e sobre suas produções e vida.